Quem visita Minas Gerais encontra igrejas incríveis, muitas delas acompanhadas de centros históricos bem conservados, mas nenhuma delas é como o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, localizado em Congonhas, à 80 quilômetros de Belo Horizonte. Quem chega ao estado pela capital e segue rumo às históricas Ouro Preto e Tiradentes, deve incluir uma visita ao Santuário, considerado uma das obras primas do barroco mundial.
Com sua construção iniciada na segunda metade no século XVIII, o Santuário foi inscrito no Livro do Tombo de Belas Artes do Iphan, em 1939. Em dezembro de 1985, foi reconhecido como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. Um patrimônio desta magnitude não pode ficar fora do seu roteiro histórico por Minas Gerais e a cidade tem contribuído para receber ainda mais visitantes, com a criação de museus e restauração de igrejas.
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos
O conjunto consiste em uma igreja, que possui o estilo rococó em seu interior, adro murado e escadaria externa composta por estátuas dos doze profetas em pedra sabão, além de seis capelas que são denominadas de passos. Localizadas em frente à igreja no Jardim dos Passos, estas capelas representam as Estações da Cruz durante os Passos da Paixão de Cristo. O conjunto conta ainda com uma capela e a Sala de Milagres (ex-votos), localizados no pátio do Santuário.
Cada profeta tem uma história diferente a revelar e para entender melhor o significado das obras, um passeio guiado é essencial, começando pela parte mais baixa do Jardim dos Passos, passando por todas as capelas e terminando na parte interna do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos.
Mesmo com toda a expansão da cidade, o Santuário está em bom estado de conservação e se mantém intacto. Uma reforma na parte externa foi recentemente concluída e agora a parte interna passa por este processo. Tive sorte pois o mais interessante é mesmo a parte externa, que com o tempo bem aberto revela lindas fotos de vários ângulos.
Jardim dos Passos
As seis capelas que compõem o Jardim dos Passos possuem cerca de 66 imagens ao todo, talhadas em cedro, que representam os Passos da Paixão de Cristo. Um detalhe que deve ser observado são as botas trocadas dos soldados nas cenas da Paixão, ironizando os executores de Jesus, além dos dedos das mãos retorcidos em algumas imagens, que representariam a doença de Aleijadinho.
Sala de Milagres (Ex-Votos)
Localizada ao lado do Santuário, a Sala de Milagres possui diversos ex-votos, a grande maioria em fotografias, mas há também roupas, placas com agradecimentos, cruzes, quadros, bilhetes, cartas, etc. O que impressiona é a conservação de alguns ex-votos antigos, alguns do século XVIII, mantidos em vitrines de mesa, fechadas e trancadas. Qualquer um pode colocar por ali seu ex-voto, sem censura da igreja. Ao lado da Sala de Milagres há uma capela.
O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos
A parte interna do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos possui estilo rococó, um desdobramento mais leve e intimista ao barroco, contendo figuras dos patriarcas do Antigo Testamento, cenas da vida de Maria e do Menino Jesus e cenas da Paixão. O altar mor tem o Bom Jesus crucificado. Infelizmente não consegui enxergar muitos detalhes pois boa parte do interior da igreja estava em reforma.
A visita sem um guia dura cerca de 1 hora, com o guia pode levar até 2h30, dá pra conhecer em uma manhã por exemplo. Uma outra forma de conhecer toda a história que envolve o Santuário é visitar o moderno Museu de Congonhas (assunto do próximo post), construído em 2015, com diversas exposições, vídeos e obras sacras que facilitam o entendimento e a preservação desta obra prima de Aleijadinho.
Uma das maneiras de começar o passeio é deixar o carro no início da Ladeira do Bom Jesus, que dá acesso ao Santuário e subir a mesma a pé, passando pela Igreja São José, Museu da Imagem e Memória de Congonhas e Jardim dos Passos, finalizando no Santuário. Depois poderá seguir até o Museu de Congonhas e passar pela Romaria, lugar que servia de abrigo para os pobres que participavam do jubileu. Por fim você já estará cansado, aí basta descer a ladeira e retornar.
Caso queira subir de carro, deverá acessar uma rua na lateral esquerda, chegando por trás do Santuário, onde há algumas vagas para estacionar o veículo. Há alguns flanelinhas por ali, fique atento. Pra finalizar o passeio, o Beco dos Canudos é uma opção para compra de artesanatos e diversos outros artigos. Comprei alguns itens a bons preços por lá, pechinchando.
Cheguei ao local por volta de 9h e às 13h30 já estava terminando o roteiro programado (Santuário + Museu de Congonhas + Romaria). Como a fome apertou, aproveitei e almocei no Restaurante Casa da Ladeira, localizado ao lado do Jardim dos Passos.
Com ambiente grande e simples, o restaurante trabalha no sistema self service, onde paguei R$25 para comer à vontade, com direito a iguarias da culinária mineira como quiabo, tutu de feijão e linguicinha. Pelo fato do local ficar ao lado do principal ponto turístico de Congonhas, achei que valeu a pena almoçar por ali, já que comi à vontade uma gostosa e bem temperada refeição.
Pra quem procura informações mais técnicas sobre o Santuário, aqui tem um site com mais informações. Quem gosta de arte e história não pode deixar de visitar o Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, um Patrimônio Cultural da Humanidade. A visita é gratuita e pode ser realizada de terça feira à domingo, das 6h às 18h. Pra quem deseja uma visita guiada (cerca de R$40), poderá agendar pelo telefone (31) 3731-2077.
Santuário do Bom Jesus de Matosinhos
Praça da Basílica s/n
Congonhas-MG
(31) 3731-1590
Viagem realizada em junho de 2018
MORATO