Vitoriano Veloso (Bichinho) é um distrito que pertence ao município de Prados, em Minas Gerais, porém todos conhecem o local como Bichinho. Visitado por muitos turistas que vão à Tiradentes, já que está a pouco mais de 6 quilômetros de distância, o distrito possui diversos ateliês, os grandes responsáveis pela fama do lugar, mas o distrito tem muito mais a oferecer do que somente compras de artesanato.
Ligado à Tiradentes por uma estrada de calçamento, o distrito de Bichinho possui atrações para as crianças e adultos, além de uma opção de almoço com uma comida mineira espetacular. A parte histórica também tem vez no distrito, com uma antiga igreja localizada no coração do pequeno povoado.
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ToggleBichinho: Um pouco da História
O Arraial do Bichinho surgiu no início do século XVIII com a exploração aurífera, juntamente com outros povoados da região. Em 1894, passou a se chamar Vitoriano Veloso em homenagem ao Alferes Vitoriano Gonçalves Veloso, um dos condenados pela Coroa Portuguesa por estar envolvido na Inconfidência Mineira.
Bichinho era um povoado que vivia apenas de agricultura e pecuária, até a chegada dos irmãos Sonia Bech Vitaliano e Antônio Carlos Bech (conhecido como Toti), em 1991. Desde então, eles ensinaram os artesãos locais a criarem objetos de arte por eles idealizados, fato que mudou a vida dos moradores. Toti, Sônia e os artesãos criaram a Oficina de Agosto, a mais antiga oficina de arte de Bichinho.
Por que Bichinho está cada vez mais famoso?
A fama do lugar se deu através dos diversos ateliês e artesãos presentes no distrito, isso fez com que cada vez mais as pessoas procurassem Bichinho para fazer compras de peças feitas com madeira de demolição, como móveis e esculturas. Com esta grande procura, o distrito cresceu e foi ganhando alguns atrativos, fazendo com que a lista de atividades a se fazer em Bichinho durasse um dia inteiro.
Estive no distrito pela primeira vez em 2013, época em que o local começava a ganhar fama e atrair os turistas que visitavam Tiradentes. De volta em 2019, pude perceber o quanto o distrito cresceu, diversos ateliês foram abertos, mais opções de restaurantes estão disponíveis, tem fábrica de cachaça nova por lá e tem a famosa Casa Torta, local que é ponto de parada para uma foto em frente à sua fachada, mas que tem muito mais a oferecer em sua parte interna.
Enfim, visitar Bichinho é quase que um programa obrigatório para quem visita Tiradentes, tanto pela proximidade quanto pelo dia cheio de atrativos por lá. Apenas 15 minutos de carro separam a cidade do distrito e os atrativos começam antes mesmo de chegar à Bichinho, com paisagens montanhosas tão lindas que merecem uma parada para fotos.
O que fazer em Bichinho
No caminho entre Tiradentes e Bichinho está a primeira atração, o Museu do Automóvel da Estrada Real (Sitio Pau D’angu – Estrada Real | 32-3799-8033), um passeio imperdível para os amantes de carros antigos. São vários veículos antigos das décadas de 30, 40, 50 e 60, que passaram por uma restauração e estão expostos neste museu. O detalhe é que todos eles estão em pleno funcionamento. O museu está aberto de quarta à domingo, das 9h às 18h e a entrada custa R$20 por pessoa.
Chegando em Bichinho, a dica é seguir direto para a fábrica da cachaça Mazuma Mineira (Rua São Bento 300 | 32-3353-6654), onde é possível realizar uma visita guiada pela fábrica, conhecendo todos os processos de produção da bebida. A visita é muito interessante e o maquinário impressiona, é uma atividade que pode ser aproveitada mesmo por aqueles que não gostam da bebida.
O local conta com uma loja oficial, que vende todas as bebidas lá produzidas e outras iguarias, como doces e queijos. Neste mesmo espaço, é possível conhecer gratuitamente a adega onde as cachaças são armazenadas, além de participar de uma degustação. A visita dura cerca de 40 minutos, custa R$10 por pessoa e acontece às segundas, terças, quintas e sextas, às 15h30, sábados às 11h e às 15h30 e domingos às 11h. Não é necessário reservar.
Depois da visita a fábrica de cachaça, o ideal é seguir para o centrinho do distrito, onde está o ótimo Restaurante Tempero da Ângela (Rua Deputado José Bonifácio 64 | 32-3353-7010). O local oferece uma deliciosa comida mineira, servida sobre um fogão à lenha no estilo buffet self service, podendo comer à vontade por cerca de R$30.
O restaurante é tão famoso que já apareceu até no The New York Times, vá sabendo que o local fica sempre cheio e tem até fila de espera, que é muito bem organizada. E vale a pena esperar, dá pra comer diversas delícias da culinária mineira por um preço “bem camarada”. O restaurante funciona de segunda à sexta, de 12h às 16h, sábados, domingos e feriados, de 12h às 17h.
Após o almoço, vá conhecer a Igreja de Nossa Senhora da Penha (Av. Samuel Possa), que teve sua construção concluída em 1771 e é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Apesar da simples fachada, esta igreja possui belíssimas pinturas no estilo Rococó em seu interior, o difícil é encontrá-la aberta. Nesta última visita ao distrito, encontrei apenas uma capela lateral aberta.
No caminho entre o restaurante e a igreja, aproveite para admirar algumas construções de tijolos de adobe, um dos mais antigos materiais de construção do mundo, moldados artesanalmente. O distrito possui alguns exemplares deste tipo de construção, um retrato atual das origens do povoado, na época da descoberta do ouro.
Nos arredores da igreja, há diversos ateliês e oficinas de arte onde é possível comprar móveis, utensílios para casa, enfeites, almofadas, brinquedos e diversos outros itens, feitos com madeiras pelos artesãos locais, tem cada coisa maravilhosa que dá vontade de sair comprando tudo. Os ateliês estão espalhados por toda a extensão do distrito, mas esta região no entorno da igreja possui várias opções, lado a lado, no que é considerado o centro do distrito.
Por ali eu encontrei o Picolé do Amado, feito com polpa de fruta, foi ótimo para me refrescar do calorão que estava no dia. Tem vários sabores e a venda é feita na garagem de uma casa, localizada no mesmo quarteirão onde está o restaurante Tempero da Ângela.
Se o assunto cachaças ainda lhe interessar, dá pra ir conhecer a loja oficial da Cachaça Velho Ferreira (Rua do Engenho 31 | 32-3353-7029), uma das mais tradicionais do distrito. A loja está numa localização privilegiada, uma área com uma bonita vista para as montanhas, inclusive há um deck para melhor visualização da área. Em um ambiente com belos jardins e muito verde, a loja oficial da Cachaça Velho Ferreira comercializar todas as bebidas produzidas pela marca, além de souvenirs, queijos e mel.
Era ali que funcionava a fábrica da bebida, inclusive eu fiz uma visita guiada em 2013, mas atualmente o passeio não está acontecendo, visto que a fábrica se transferiu para uma fazenda na região. Este é um passeio totalmente dispensável, apesar de bonito, não há muito o que fazer por ali, a não ser que tenha interesse em adquirir as cachaças da marca, que aliás são muito boas.
É chegada a hora do atrativo mais interessante de Bichinho, a famosa Casa Torta (Rua Moisés Pinto de Souza 446 | 32-3353-7186). A fachada do local é bucólica e muito famosa, muitos turistas param por ali para fazer uma foto. Mas o interior da Casa Torta é muito mais interessante do que a sua fachada, acredite. Tendo como principais objetivos quebrar regras, brincar com as curvas, mexer com o lúdico, provocar o riso e resgatar a criança que tem dentro de cada um, o atrativo diverte tanto crianças quanto adultos.
Eu mesmo me diverti muito na Casa Torta, tive momentos de reflexão e ainda voltei a ser criança, brincando com bambolê, pulando corda, jogando totó, entre outras atividades, um lugar realmente mágico e muito interessante. Quem entra, recebe um roteiro com tudo o que deve ser feito dentro da casa, para que curta tudo o que o local oferece. E ainda tem um café e uma lojinha, onde dá pra fazer um lanche rápido e comprar souvenirs. A Casa Torta funciona de quarta à domingo, de 10h às 17h e o ingresso custa R$15 a hora.
Em frente à Casa Torta, há um bar oficial de mais uma cachaça produzida em Bichinho, pensa n’um lugar que tem cachaça, a cara de Minas Gerais. A Cachaça Tabaroa é uma cachaça de qualidade e o bar que fica em frente possui alguns barris que rendem fotos legais, inclusive há um barril enorme e o bar fica dentro dele. Não comi nem bebi nada por lá, mas como fica em frente à Casa Torta, vale dar uma paradinha para fotos. No centrinho do distrito, há uma loja oficial da cachaça.
O último atrativo em Bichinho é um dos mais importantes, é onde tudo começou. O Ateliê Oficina de Agosto foi quem deu o pontapé inicial na arte de entalhar madeira, ensinando os artesãos locais. O ateliê possui cada obra maravilhosa, eu fiquei encantando com as peças que vi por lá, dá vontade de sair comprando várias coisas. Como fica já na saída do distrito, vale a pena dar um pulinho por lá para conhecer o trabalho.
Dicas
Bichinho possui algumas opções de hospedagem, mas ao meu ver, o melhor a se fazer é mesmo se hospedar em Tiradentes. Mas se ainda assim você quiser se hospedar por lá e curtir um ambiente tranquilo, dê uma olhada nas opções aqui neste link. Atualmente o distrito possui um posto de combustível e boa parte das lojas já aceitam cartão de crédito, mas como o sinal de internet costuma oscilar bastante por lá, é recomendável ir com uma quantia em dinheiro, para não ficar na mão.
O distrito é uma calmaria que só, vale muito a pena conhecer. O restaurante Tempero da Ângela por exemplo, faz alguns turistas saírem de Tiradentes só pra ir comer lá, apesar de toda fama o local é muito simples mas oferece boa comida. A Casa Torta também é incrível e merece uma visita. Não deixe de conhecer.